A ciência a favor do desenvolvimento transfronteiriça

A área transfronteiriça entre a Guiana Francesa e o Brasil (ZTGA) passa por situações sintomáticas e críticas, encontradas em fronteiras internacionais da Amazônia brasileira, principalmente no que diz respeito à malária. Embora o número de casos esteja diminuindo na região (chegando a menos de 900 casos/ ano na Guiana desde 2012 e 2.838 casos em 2013, no município de Oiapoque), a situação permanece instável, varia significativamente no espaço e no tempo, e as ocorrências anuais continuam particularmente elevadas (55,2 e 92,5‰ em 2013, respectivamente nos municípios do centro e do leste da Guiana e no município de Oiapoque).

Desde 2012, trabalhos  de pesquisa em parceria permitiram o desenvolvimento de métodos e ferramentas, para gerar dados e indicadores de risco associados à malária na zona fronteiriça (www.ose-guyamapa.org). Eles também destacaram a necessidade de melhor integração no processo envolvendo múltiplos fatores e o acompanhamento a longo prazo da doença e de seus determinantes.

Assim, os objetivos gerais do projeto GAPAM-Sentinela são contribuir para a criação de um posto sentinela transfronteiriço do observatório brasileiro do clima e da saúde (www.climasaude.icict.fiocruz.br), dedicado à malária na ZTGA e estudar a transposição de metodologias, ferramentas e modelos na tríplice fronteira Brasil-Colômbia-Peru.

Três áreas de investigação serão consideradas: produção de referenciais cartográficos, de camadas sócio-demográficos e  ambientais,  incluindo geomática, sensoriamento remoto e investigações de campo; desenvolvimento de métodos de representação, partilha e integração de dados e informações heterogêneas e multidisciplinares, através de modelos de dados e meta-dados e formalização dos conhecimentos por meio de ontologias; contribuição para a recolha sistemática de informação espacial visando a atualização de dados e indicadores, por meio da racionalização dos protocolos de coleta e exploração de referenciais cartográficos.

Ações de desenvolvimento de capacidades nas seguintes áreas: supervisão de estudantes de mestrado e  doutorado; formação de profissionais de saúde para ferramenta geomática, para análise e interpretação de dados espaciais; apoio aos enfermeiros e médicos na cotidiana coleta de dados, para padronizar dados e informações geolocalizados; apoio às equipes brasileiras para o estabelecimento de vigilância entomológica de rotina. Os dados e conhecimentos produzidos, as metodologias e ferramentas desenvolvidas contribuirão para o estudo e acompanhamento de outras doenças transmitidas por vetores, como a dengue ou chikungunya.

• Coordenadores: Emmanuel Roux, IRD (UMR ESPACE-DEV) LMI OCE, Maragete Do Socorro Mendoça Gomes, LACEN AP, Ricardo Augusto Dos Passos, FVS

• Outras instituições envolvidas:IPG, OHM, FIOCRUZ, UnB, IEPA